A evolução da imagem apenas por convenção pode denominar-se evolução. Da
mesma maneira, podemos - esquecendo a possibilidade técnica - imaginar
um avião que em pleno voo construa e lance no espaço outra máquina.
Esta máquina voadora, ainda que absorta no seu próprio voo, consegue por
sua vez construir e lançar no espaço
uma terceira. (...) a montagem e o lançamento destas máquinas -
tecnicamente impensáveis - que são lançadas em pleno voo não constitui
uma função do avião voador acrescentada e lateral, pois supõe um
atributo essencial do próprio voo, uma parte do mesmo, e contribui para a
sua possibilidade e segurança, tanto quanto o mecanismo da direcção ou do
funcionamento do motor. Naturalmente, só a muito custo se pode chamar
"evolução" a esta série de projéteis que se constituem em pleno voo e
saem projectados uns dos outros conservando a integridade do movimento.
(tradução minha a partir de:
Osip Mandelstam, "Coloquio con Dante", Tradução de Jesús García Gabaldón, Visor Libros, 1996)
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