quarta-feira, 7 de setembro de 2016

gesto

IC19 37,5 graus. Há bicha e está quente. Abro as janelas. Paro. Arranco. Bebo um pouco de água, decido-me pela música três faixas à frente, volto atrás, não, quero ouvir de novo esta. Faço um movimento qualquer com o braço, não me lembro porquê (talvez não tivesse porquê). Pelo retrovisor, logo depois do meu gesto, vejo que a mulher que conduz o carro atrás do meu e que fazia sinal pisca para mudar de faixa repete o mesmo gesto que eu fiz com o braço. Percebo então que esse gesto que antes não tinha porquê passara a fazer parte de um diálogo e tem agora um significado. Aparentemente, à medida que avanço lentamente, a mulher desiste de mudar de faixa, talvez eu estivesse a demorar demais, talvez aquele gesto a tivesse tranquilizado. Agora seguia-me de mais perto. Como se o facto de estar cinco metros à frente lhe desse paz de espírito. Paramos novamente. Arranco. Aceno com o braço e mudo de faixa. Ainda não sei o que quer dizer aquele gesto.

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