segunda-feira, 29 de agosto de 2016

morrer, cair, desmaiar.


- Porque subiste por aquela encosta tão dura, se te faltavam as forças?
- Fugia.
- De quê?
- De um peso que me puxa para baixo. Tinha de subir, na hora em que o sol é mais terrível, essa hora em que as pedras e a terra chamam por nós. Sentia-me pó, que por todo o lado pairava e colava.
- Mas o teu corpo fraquejava.
- Não, naquela hora não era mulher. Talvez ao amanhecer, nas terras húmidas, o tivesse sido. Mas naquela hora as pedras falaram-me. Sabes, o perigo não é desmaiar, cair, morrer. É antes numa outra ordem que ele reside: morrer, cair, depois, talvez, desmaiar.

1 comentário:

  1. É muito bonito e a beleza é uma luz tão forte que pode impedir sentir a pele do outro quando as pedras lhe falam. Mas entre as pedras a
    voz humana perpassa vinda das terra mãe : perpassa abraça envolve

    ResponderEliminar