E tudo o que rodeia o homem e ele próprio é arcano. O homem é a
criatura à qual a realidade se dá como inacessível. Mas sentiu sempre a
necessidade inaludível de clarificá-lo, de abrir caminho, de chegar a
ele, de que lhe seja manifesto (...) Quando os deuses aparecem, é a sua
forma que surge; ela é a novidade. Mas a forma não é só beleza, mas
também capacidade de função. O que fica assegurado e libertado na forma é
a função divina; o que encontra nela a sua garantia. Ao conceder-lhes
forma, o poeta colaborou com os próprios deuses, como colabora todo
aquele que serve uma revelação. (...) Cada deus abre um caminho no
arcano inicial, no "pleno" que é, originalmente, a realidade que rodeia o
homem. Não é o vazio a povoar-se de deuses, mas ao contrário: é o pleno
da plenitude arcana, sagrada, aquele que se abre, se torna acessível através dos deuses
(...) Transitar é, precisamente, viver, poder e ter para onde ir.
Sem comentários:
Enviar um comentário