sábado, 2 de abril de 2016

sentidos arcaicos guardados no uso das palavras: aîon, chronos, kairos.

No grego moderno kairos diz-se do tempo meteorológico, que se vê, se sente e por isso também se prevê, ainda que essa previsão seja sempre indeterminada. Mas sobretudo é sensível: o suor numa camisola é kairos, ele passa na matéria e impregna-a. Aîon usa-se para designar século, guardando do seu sentido arcaico a sua imensidão face ao nosso ponto de vista limitado, a sua indeterminação. Chronos diz-se do tempo dos relógios, do tempo que se demora objectivamente daqui para ali, do tempo que sabemos ter e não ter. Do tempo racional. Há no kairos, tempo da ocasião, uma certa mundaneidade primitiva, ele é acessível a todos os que lhe prestam atenção, está impresso nas coisas, habita-as. Ao Aîon ninguém acede senão os deuses, profetas, adivinhos e videntes. Esconde um segredo demasiado grande e trágico, de vida e de morte. Ao kairos atende-se numa espécie de jogo lúdico, entre a constatação de factos e a decifração de vestígios......

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