quarta-feira, 29 de novembro de 2017

deixam cair, as mãos

minhas mãos semi-abertas, os dedos todos órfãos, mãos doridas cansadas petrificadas na terrível ausência, tão bela imagem do amor, da rosa sem porquê, ajeitaram o filho à anca, afagaram o corpo querido, entre os ritmos perdidos, em minúsculas pregas, das mantas que cobrem, dos lençóis dos dias e das noites, seguraram contra si corpo-a-corpo, as mãos, corpo-a-corpo, por todo o lado se encontraram com eles - os misteriosos ritmos - que assim fizeram da vida um ser manual e das mãos a própria vida. agora que são dores, as mãos, e de seus gestos nada, para além da clausura no alto dos seus pontiagudos nós (perguntam-se, quando foi?), deixam cair o mundo no chão.

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